sueño





estábamos desnudos en el sueño,
desnudos hasta las últimas y desesperadas consecuencias
defendimos el paraiso a dentelladas,
nadie debía expulsarnos, no podíamos perderlo,
negociamos con dios las condiciones
partiendo del axioma de que hablando se entiende la gente,
los caballeros, sobre todo,
sin necesidad de un mediador, ni de un intermediario,
sin necesidad de una excusa cualquiera,
hicimos el amor prescindiendo de la artera serpiente,
pero, desgraciadamente, siempre gana el más fuerte,
por ende, se repitió la historia
y todo se fue al diablo
cuando alguien prendió el foco
o llegó la mañana
a despertarme.


(fernando cazón vera - ecuador)

com licença poética




Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
(dor não é amargura).
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.



(Adelia Prado - Brasil)